Montevidéu 285: os primórdios do NovoMorar

Em junho de 2011, no artigo "O empresário criativo e a arquitetura equilibrista", o arquiteto Luiz Mauro Passos escreveu sobre o papel da arquitetura na inovação na produção imobiliária brasileira.

Com uma abordagem bastante lúcida e crítica, o autor discorre, principalmente, sobre a extensa produção da paulistana Idea!Zarvos, uma das incorporadoras de grande projeção no segmento que coloca a qualidade arquitetônica como uma de suas premissas.

O nosso edifício Montevidéu é citado como exemplo dessa prática renovadora do mercado para "além de São Paulo". Transcrevemos a seguir o trecho publicado na Revista aU:

​​​​​​​Além de São Paulo¹

Em Porto Alegre, a Smart! apresenta-se como uma incorporadora-butique, em um edifício inicial com perfil semelhante aos concebidos por Zarvos, do porte à comunicação publicitária.

Entretanto, o Montevidéu (AU 205), do escritório Vazio S/A, em Belo Horizonte, tem em comum aos exemplos citados apenas a característica de se apresentar como diferente ao convencional - mas de outra maneira.

Não seria próprio chamar o arquiteto Carlos Teixeira, do Vazio S/A, de incorporador, no sentido que foi Franz Heep, por exemplo. Entrou no negócio por "certa insatisfação com mercado imobiliário e má remuneração da arquitetura", como revelou em entrevista ao Brasil Econômico. A incorporação integra e financia o trabalho de produção artística de outros projetos não tão lucrativos do seu estúdio.

À primeira vista, o Montevidéu exibe elementos incomuns, mas é uma planta racional, apta a diversos tipos de famílias. O conceito aplicado é de adaptabilidade, não de flexibilidade. Há um térreo com garagem e oito unidades. A área é a média da faixa referencial de 65m² a 130m². As plantas são basicamente iguais, o mesmo tipo arquitetônico. Áreas molháveis concentradas, dispostas a oeste; sala e quartos a leste. A cozinha aberta pode ser fechada; a compartimentação de quartos e corredor, desfeita, estendendo a sala em um único espaço aberto.

Variações sutis produzem em cada andar acidentes, idiossincrasias que especificam cada moradia - parecidas, mas não exatamente iguais, como figuras de jogo de erros. A novidade está na região intermediária no 501, pé-direito de 3,50m, sala com desnível e terraço ao longo da face leste e norte efetuam uma intervenção no que poderia ser um prédio comum. Esse acidente repercute no pé-direito de partes dos 401 e 601, com desníveis na sala. A geometria pura do volume é proporcionalmente corrompida por estas singularidades e pelo experimental filtro solar da tela.

Finalmente, e mais importante, um requisito essencial: janelas de todos os quartos e salas voltados para o sol da manhã, ventilação cruzada em todas as unidades. Nem mais nem menos. Nada demais. Estética nem minimalista, nem maximalista (algo entre Loos e Gehry, Venturi e Lacaton & Vassal), equilibrismo, eudaimonia. Igualdade e diversidade foram possíveis aqui. Que venham outros, diversos diferenciados e comuns, gregos e baianos.

¹ PASSOS, L. M. C. O. O empresário criativo e a arquitetura equilibrista. Revista aU, São Paulo, ano 26, nº 207, p. 71, junho 2011.

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