A história da arquitetura comercial brasileira - aquela oferecida como um "produto" no mercado imobiliário - tem momentos memoráveis, nos quais prédios de excelente arquitetura deixaram sua marca na paisagem urbana de diversas cidades.
Em São Paulo, o bairro de Higienópolis se destaca nessa história, com seus edifícios modernos de amplas janelas, cobogós e elementos cromáticos - como os brises amarelos do Ed. Louveira (arq. Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi) e o mosaico de venezianas coloridas do Ed. Lausanne (arq. Adolf Heep) -, além dos seus pilotis amplos dominados por um paisagismo exuberante e a transparência para com a rua.
Em Belo Horizonte, os edifícios pós-modernos salpicados por bairros da Zona Centro-Sul são alguns dos responsáveis por quebrar a monotonia dominante no seu skyline. Causando a um só tempo encantamento e estranhamento, seus elementos históricos reciclados e formas inusitadas escondem apartamentos de boa arquitetura - como o Ed. Barca do Sol (arq. Éolo Maia) com sua sala em dois níveis e tubulações amarelas na fachada.
O mais recorrente na arquitetura comercial, no entanto, quase sempre é a ausência de preocupação com o impacto visual e o conforto ambiental dos apartamentos: são as enfadonhas cerâmicas brancas, as janelas diminutas e as tipologias repetitivas que denunciam uma total ignorância das construtoras frente às reais necessidades dos usuários e, mais que isso, uma absoluta desconsideração pelo impacto desses prédios na paisagem da cidade.
Felizmente, sempre há uns poucos arquitetos e incorporadores que se preocupam em deixar um melhor legado para suas cidades: não apenas em termos estéticos mas, principalmente, quanto à qualidade geral dos apartamentos que oferecem. Aproximando-se do conforto das casas, são cada vez menos raras as opções que prezam pela ventilação cruzada, iluminação natural, amplitude dos espaços e gentileza urbana - como os apartamentos do Ed. Buenos Aires.
E o Ed. Buenos Aires não está sozinho na construção desse novo capítulo da paisagem urbana de Belo Horizonte. Um dos seus pares, o CasaMirador Savassi (incorporação CasaMirador e projeto de Gisele Borges Arquitetura) inova, principalmente, em termos de programa e forma. O destaque se dá para sua fachada, toda revestida em chapa metálica perfurada, e a volumetria trapezoidal - uma maneira inteligente de lidar com os afastamentos laterais exigidos por lei. Além disso, o CasaMirador oferece variações de apartamento que incluem áreas privativas, lofts, duplex e coberturas, todos com amplas janelas.
O Ed. Zider, construído no bairro Colégio Batista (projeto Estúdio Arquitetura + Meius Arquitetura), também tem muitos méritos. Além de plantas bem resolvidas e apartamentos mais acessíveis - fora do circuito alto-padrão e ainda assim com uma utilização criteriosa de materiais simples -, o edifício foi pensado de forma a se garantir acesso à área externa ao maior número de unidades possível: das 8 unidades existentes, 6 contam com área privativa descoberta.
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